"Summertime”...diz ela!
Eu apenas calo-me, com os olhos calejados, consumindo a inércia do silêncio... mas meus medos doem, e Ele nem sabe que eu existo neste agora que se esvai...
Não avisaram-me das angústias de ser mortal, mas Ele sequer desconfia que perfurou meu silêncio...eu estava só, confortavelmente só...agora estou sangrando as incertezas que rasgaram antes de mim. Mas quem cuidará de mim, agora que minhas vestes quebraram-se na claridade que me iguala?!
Tenho medos...Ele sequer preocupa-se com isso, afinal seus cabelos crescidos precisam de aparo... e Janis me afaga, sussurrando de dentro da sua estrela:
“One of these mornings -Em uma destas manhãs
You're gonna rise, -Você estará crescendo,
rise up singing, -cantando animado
You're gonna spread your wings, -Você estará alargando as suas asas,
Child, and take, take to the sky,-Criança, e alcançar, alcançar o céu,
Lord, the sky.” -Senhor, o céu.
E meus olhos engolem o mar, para os dias de cinzas, em que a luz esquece-se de mim.
Sou beijada pelo movimento suave das ondas, que a ousadia do vento sacode pelo ar...
O silêncio horizontal invade meus olhos, mas meu corpo limitado é impedido de prosseguir...
As estrelas derramam luz pelo caminho, e gotas multicoloridas de silêncio me invadem... é madrugada e as horas dormem,amanhã começa um novo sol e os pés descansam tudo o que foi caminhado...
Meus pensamentos não enxergam nem o dia, nem à noite, são livres... desenham formas, rabiscam mundos que meus dedos não conseguem calar...e os meus olhos exaustos , descansam sobre as plumas invisíveis das palavras.