domingo, 20 de dezembro de 2009

PEGUEI-ME CAMINHANDO PELAS INCERTEZAS DO MEU PENSAMENTO,SEGUINDO AS TRILHAS DE LUZ QUE MINHAS RETINAS BRINCAVAM DE ENXERGAR...PERFUREI AS MEMBRANAS ACINZENTADAS QUE O MEDO ESPALHARA,POR UM DESCUIDO DOS ARCANJOS QUE ZELAM PELA MINHA INSANIDADE VERBAL.POR ESTRANHAS E DERRAMADAS HORAS VIAJEI EM UMA BOLHA DE TEMPO QUE PASSARA, RASGANDO MEU PUDOR...BRINQUEI NOS REFLEXOS CONTIDOS POR UM TEMPO SÓ MEU...ONDAS SONORAS INTERROMPERAM MINHA AUSÊNCIA,E EU VOEI PARA DENTRO DE MIM.

domingo, 20 de setembro de 2009


Embrulho-me com as camadas urbanas de poeira,descamadas ao desgaste da rotina.
Minhas frustrações surrealistas escrevem meus personagens diários,com a solidez movediça da verdade...tomo doses abusivas de sol mas, ainda há escuridão em mim.
Preenchida de vazios,vou reciclando sorrisos amassados,reciclo as alegrias de faces que transitam em meus olhos impuros...reciclo lembranças enferrujadas,reciclo minha coragem invadida de estatísticas.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009


Gosto dessa paz que compro por suaves parcelas diárias de dois reais e vinte.Além da paz mercadológica ,que dissolve-se a cada fusão sonora da vida urbana,por entre as vias respiratórias das caixas retangulares transportadoras de vidas,aposso-me por infinitos minutos da brisa carregada de expectativas,crenças e insatisfações urbânicas,certidão orgânica de que somos todos iguais.

Comerei tuas lembranças como as guloseimas urbanas ,que trago sem qualquer importância.Dissolverei com a acidez da tua covardia,a falta que, por hora, senti.Há tristeza entranhada em tudo por aqui...dentro e fora do que sou.Estou frágil,descamando saudade,invisível em todos os lugares e espaços que compus.Ponho tudo sob a mesa...meus erros,as tintas,o lápis,minha face incompleta na maquiagem insana da dor...eu decomposta em fragmentos covardes,em substâncias do tempo,dos outros...fragmentos de mim.

INDEFINÍVEL



Procurei abrigo na abstração que me esconde e anula em meio as palavras ambíguas,andrógenas que catei por aí.
Temo o meu ser descoberto...andando nú,pelas ruas incertas dos pensamentos alheios,nas estradas dos outros,noutros...é perigoso este andar descabido,sem barreiras,sem defesas...
Em estado embriônico, procuro abrigo no escuro dos corpos que meus olhos iluminam...meu farol desesperado,ferido e descoberto,sangrando a fragilidade dos homens...

Cinzas


Pessoas coloridas interferem na minha palidez visual,movimentam minha tristeza contemporânea de elementos retrógrados.A luz que o sol grita,nesta tarde que não quis ser cinza como eu,me agride,sublinhando de luz tudo que minha vontade apagou.Nada pôde ser determinado nestes dias de hoje,talvez amanhã tudo mude...talvez minhas palavras irradiem os gritos que meu pudor engoliu,talvez amanhã a coragem incorpore meus atos,e a entidade verdadeira que habita em mim tinture minha face acinzentada de inércia e expectativas.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Aos inesquecíveis dias com uma família que desenhava com a luz, nas adolescentes tardes do Liceu.


Revirando alguns papéis com cheiro de tempo,encontrei um texto teu, fui arremessada de imediato em uma sala barulhenta, repleta de aspirantes a fotógrafos...a saudade chegou em silêncio , começou a escrever por mim...fui catando algumas palavras surradas no meu cesto de roupas sujas e segui experimentando uma a uma ,mas nada me cabia como outrora, estava pequeno ou grande demais para a ocasião.Fiquei por horas à procura de alguma que me coubesse como uma luva...estava tudo em preto e branco,com cheiro de tempo e exalando saudade.Uma orgia de sonhos concentrados,leveza,liberdade,caminhos,teorias de cristal e desejos de pedra...éramos nós,eternos carentes!

terça-feira, 18 de agosto de 2009

R$:2,20...DE UM PONTO À OUTRO...


Em meio à imagens que a janela do ônibus emoldura,frame a frame,sigo por outras dimensões narrando,em silêncio,meus desejos.O vidro, embaçado pela sujeira coletiva,deixa impresso nas imagens o borrão das vidas que morrem,por horas, indo e vindo para algum lugar...continuo aqui,silenciosa,murmurando minhas impressões do tempo que,como as fotografias undergrounds das ruas cinzas,vão passando sorrateiramente sem que meus sentidos sequer ousem percebê-las.O motorista -este operário das naves transportadoras de vidas sem cor- dirige o filme,as fotos que vejo...pisou no freio e,por indefinidos segundos ,capturei fragmentos da ausência.Pessoas estáticas,em frias e quadradas calçadas retensoras de vidas monocromáticas...eram corpos,corpos cansados,fatigados,desarmados de luz!Não havia nenhuma partícula sonora delineando a biogênese urbana coletiva,uma luz quente roubava dos corpos o prisma fugaz da existência,e em um monólogo coletivo de sons,o Om (ॐ) urbanóide tomou conta dos riscos de luz abduzidos pelas retinas do meu pensamento...parti,com os borrões produzidos pela velocidade cósmica da vida.

quarta-feira, 29 de julho de 2009


Trilhei caminhos pelo teu corpo, usando os lábios como pés.
Ousei decompor-te a cada par tí cu la de mim, guiada pelas curvas incertas da epiderme...arranjo corpóreo de luz e calor... sons, movimentos... derramamentos de nós.
Iluminada parcialmente pela penumbra de meus pensamentos,resumida à partículas imaginárias do regresso,tento saciar-me com a fria matéria impalpável
que compõe as lembranças.Desejo o calor real do teu corpo,mas nem mesmo sei quem tu és...sigo desejando quem ,por hora,desconheço...

domingo, 12 de julho de 2009

Há vezes em que um simples buraco transforma-se num abismo, e toda teoria de força esfarela-se junto a poeira que um vento besta sopra, e então o que resta é procurar na carcaça resumida, uma migalha de orgulho pra se manter de pé. Os urubus da derrota sobrevoam nossas cabeças e tentam confundir o que parecia, até então, determinado. Daí em diante tudo se torna questionável, e mais uma vez o vento besta é notado... nossos valores são tão fajutos quanto nossa ilusória liberdade ,esta por sua vez, encontra-se retida em um sono eterno e inexistente ,uma idéia hipotética ,em algo que chamamos de sociedade.Uma sociedade que se organiza de forma repressora,minúscula e medíocre.Regendo sob notas repetitivas e alienadoras, uma massa de mentes subdesenvolvidas, desnutridas de consciência cultural e com uma história invadida por supostos heróis, promovendo uma secular contensão histórica e cultural, produto de um sistema que se alimenta das falhas contidas na “certidão de nascimento” de uma quase nação.

Estilhaços de silêncio...



Entre um gole e outro de café, na imensidão silenciosa e noturna, provocada pelo descanso dos corpos, encontro-me... confortável para ser simplesmente a abstração de mim e de tudo que sou...um troncho e solitário cantar...o galo,seguidor de instintos,perfura o silêncio e o torna também extinto.E cá estou,respirando estilhaços de silêncio,tragando partículas sonoras da inércia parcial...respirações em transe,viagens etéreas...a fauna e a flora conversam pelas camadas das horas,o tempo,do tempo...ensaio imaginário,metamorfose da noite -a madrugada,recheio entre o dia,e a noite que deixa pingos de luz prateados penetrarem seu negro manto imperial,delineando silhuetas de transeuntes sedentos por degustá-la.Uma luz que não ilumina,rouba de mim as horas mortas...uma máquina emissora de luz,luzes que alienam...mas,não há perigo,ela também dorme,dorme e sonha sonhos de máquina.Um agitado silêncio ,vez ou outra invadido pela curiosidade sonora de algo ou alguém,faz-se pleno nestes milésimos insones vindouros...penso em expressões fonéticas que acompanhem o nascimento destas partículas imaginárias do tempo,que como estes fetos silábicos,tem a consistência do silêncio...o que é o tempo afinal?Que matéria compõe o silêncio?O silêncio é um som avesso, freqüências incorruptíveis, ininterruptas de som, derramamento de nada... silêncio!Meus pensamentos têm som de silêncio... há vida na noite madura de mortes diárias,o dia nasce e morre, ou dorme?À noite também?E, eu e você?O tempo, este líquido composto de anos, meses, horas, imagens, sabores, cheiros, sons... umedece nossos poros,em delicados movimentos,lentos...nos rouba suavemente com um beijo gélido e abrupto, o sopro da vida...rouba-nos gota a gota,de dentro dos nossos corpos,das fotografias,das conversas entre amigos,das gargalhadas em família,nos rouba de nós...de tudo,pouco a pouco,gole a gole...por fim somos dissipados,transformados,diluídos na composição do tempo...