domingo, 20 de setembro de 2009


Embrulho-me com as camadas urbanas de poeira,descamadas ao desgaste da rotina.
Minhas frustrações surrealistas escrevem meus personagens diários,com a solidez movediça da verdade...tomo doses abusivas de sol mas, ainda há escuridão em mim.
Preenchida de vazios,vou reciclando sorrisos amassados,reciclo as alegrias de faces que transitam em meus olhos impuros...reciclo lembranças enferrujadas,reciclo minha coragem invadida de estatísticas.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009


Gosto dessa paz que compro por suaves parcelas diárias de dois reais e vinte.Além da paz mercadológica ,que dissolve-se a cada fusão sonora da vida urbana,por entre as vias respiratórias das caixas retangulares transportadoras de vidas,aposso-me por infinitos minutos da brisa carregada de expectativas,crenças e insatisfações urbânicas,certidão orgânica de que somos todos iguais.

Comerei tuas lembranças como as guloseimas urbanas ,que trago sem qualquer importância.Dissolverei com a acidez da tua covardia,a falta que, por hora, senti.Há tristeza entranhada em tudo por aqui...dentro e fora do que sou.Estou frágil,descamando saudade,invisível em todos os lugares e espaços que compus.Ponho tudo sob a mesa...meus erros,as tintas,o lápis,minha face incompleta na maquiagem insana da dor...eu decomposta em fragmentos covardes,em substâncias do tempo,dos outros...fragmentos de mim.

INDEFINÍVEL



Procurei abrigo na abstração que me esconde e anula em meio as palavras ambíguas,andrógenas que catei por aí.
Temo o meu ser descoberto...andando nú,pelas ruas incertas dos pensamentos alheios,nas estradas dos outros,noutros...é perigoso este andar descabido,sem barreiras,sem defesas...
Em estado embriônico, procuro abrigo no escuro dos corpos que meus olhos iluminam...meu farol desesperado,ferido e descoberto,sangrando a fragilidade dos homens...

Cinzas


Pessoas coloridas interferem na minha palidez visual,movimentam minha tristeza contemporânea de elementos retrógrados.A luz que o sol grita,nesta tarde que não quis ser cinza como eu,me agride,sublinhando de luz tudo que minha vontade apagou.Nada pôde ser determinado nestes dias de hoje,talvez amanhã tudo mude...talvez minhas palavras irradiem os gritos que meu pudor engoliu,talvez amanhã a coragem incorpore meus atos,e a entidade verdadeira que habita em mim tinture minha face acinzentada de inércia e expectativas.