domingo, 16 de maio de 2010

Deito-me com palavras-navalha que sussurram minha cegueira nua como as verdades amassadas que despejo ao chão...
Meus olhos cegos, engolem as incertezas da minha escuridão mental e tropeçam nos meus erros, para lembrar-me o que me fez apagar a luz...
Em cenários inventivos, sou o que a paixão me pede, fugacidade e vazio.Sou o animal que por vezes esqueço...
Desperto, ensopada de cores frias, carregando meus resumos inacabados ,minhas montanhas incompletas, meu desejo de continuidade...
Devoro fagulhas do tempo, mas ainda não tenho a sagacidade da fome...
Meus gritos de garganta seca, saboreiam os segundos que dissolveram-se em mim.
Degusto relógios esquecidos, e engasgo-me com tudo que deixei pra trás...
A dor da inércia movimenta-se por todo meu corpo dolorido, calado... meu corpo esquecido ,diluído nas faces da rotina.

quinta-feira, 13 de maio de 2010


Alfred Opitz



Hoje há poesia gotejando por entre as brechas dos meus olhos,molhando de luz tudo o que vejo.
Neste instante,de suicídios contínuos,há poesia escorrendo pelos meus dedos, que percorrem perdidos um infinito de fibras sem cor.
Há pessoas caminhando sobre emaranhados poéticos, que a poeira grosseira do betume esconde.As veias urbanas da cidade sem olhos,submersas em barulho e ferro, cospem sua acidez poética em meu corpo oxidado.
Respiro expirações de "alguéns",ininterruptamente,repito repetições,mas sigo... costurando trechos verbais em meus monólogos in mundos.
Compro em esquinas ocultas cabeças usadas, e às combino com o que visto ou vestirei.
Corpos derramam para dentro dos meus olhos vidas,atravessam minha dança fonética e lanço-me ao mar suspenso sobre o silêncio horizontal do verbo.Assim, risco nos olhos alheios minha existência abreviada pela sonoridade do tempo.