quinta-feira, 13 de maio de 2010


Alfred Opitz



Hoje há poesia gotejando por entre as brechas dos meus olhos,molhando de luz tudo o que vejo.
Neste instante,de suicídios contínuos,há poesia escorrendo pelos meus dedos, que percorrem perdidos um infinito de fibras sem cor.
Há pessoas caminhando sobre emaranhados poéticos, que a poeira grosseira do betume esconde.As veias urbanas da cidade sem olhos,submersas em barulho e ferro, cospem sua acidez poética em meu corpo oxidado.
Respiro expirações de "alguéns",ininterruptamente,repito repetições,mas sigo... costurando trechos verbais em meus monólogos in mundos.
Compro em esquinas ocultas cabeças usadas, e às combino com o que visto ou vestirei.
Corpos derramam para dentro dos meus olhos vidas,atravessam minha dança fonética e lanço-me ao mar suspenso sobre o silêncio horizontal do verbo.Assim, risco nos olhos alheios minha existência abreviada pela sonoridade do tempo.

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