terça-feira, 18 de agosto de 2009

R$:2,20...DE UM PONTO À OUTRO...


Em meio à imagens que a janela do ônibus emoldura,frame a frame,sigo por outras dimensões narrando,em silêncio,meus desejos.O vidro, embaçado pela sujeira coletiva,deixa impresso nas imagens o borrão das vidas que morrem,por horas, indo e vindo para algum lugar...continuo aqui,silenciosa,murmurando minhas impressões do tempo que,como as fotografias undergrounds das ruas cinzas,vão passando sorrateiramente sem que meus sentidos sequer ousem percebê-las.O motorista -este operário das naves transportadoras de vidas sem cor- dirige o filme,as fotos que vejo...pisou no freio e,por indefinidos segundos ,capturei fragmentos da ausência.Pessoas estáticas,em frias e quadradas calçadas retensoras de vidas monocromáticas...eram corpos,corpos cansados,fatigados,desarmados de luz!Não havia nenhuma partícula sonora delineando a biogênese urbana coletiva,uma luz quente roubava dos corpos o prisma fugaz da existência,e em um monólogo coletivo de sons,o Om (ॐ) urbanóide tomou conta dos riscos de luz abduzidos pelas retinas do meu pensamento...parti,com os borrões produzidos pela velocidade cósmica da vida.

6 comentários:

  1. Seus textos são ótimos e impregnados de um certo mistério! Adoro isso. Adoro também, porque você escreve o que vê e sente, de uma maneira muito poética. Isso é maravilhoso. Não pare de escrever, por favor!! :D

    Sucesso!

    ResponderExcluir
  2. Nil, Axo que a maioria das pessoas sentem-se assim... "O vidro embaçado pela sujeira coletiva, deixa impresso nas imagens o borrão das vidas que morrem por hora, indo e vindo para algum lugar..." basta saber onde queremos chegar e fazer desta caminhada uma diversão.
    Muito Bom

    ResponderExcluir
  3. belo blog Nil. muito lindo mesmo. que bom que vc criou um espaço para a gente poder te ler sempre quando bater uma saudade.
    bjão. e vida longa ao blog

    ResponderExcluir
  4. Mai uma vez contente por ler-te.

    Perdi-me em algum ponto da leitura, lembrei de James Joyce nesta difusão de palavras. É uma boa linha a seguir, o fluxo de consciência.

    Entregue-se à arte, o texto é o menos limitado espaço. Nele tudo se cria, assim como finda.

    Quer um conselho: Evite ater-se demais à teoria. Quanto mais próximos estamos da teoria massante, mais distantes estamos dos nossos leitores.

    He he... O escritor não tem absolutamente de arrancar um verbo ao silêncio, como se diz nas piedosas hagiografias literárias, mas ao inverso, e quão mais dificilmente, mais cruelmente e menos gloriosamente, tem de destacar uma fala segunda do visgo das falas primeiras que lhe fornecem o mundo. Eu, particularmente, ouço com frequencia dizerem aqui na academia que a arte tem por encargo exprimir o inexprimível; é o contrário do que se deve dizer! Toda a tarefa da arte (e de quem a faz) é inexprimir o exprimível, retirar da língua do mundo, que é a pobre e poderosa língua das paixões, outra fala, uma fala exata.


    Mãos às obras, criança
    H.P.'.

    ResponderExcluir
  5. Essa garota é inteligentissima! Continue focada no que você gosta de fazer minha niji. Grande beijo e fica com Deus

    ResponderExcluir