segunda-feira, 28 de novembro de 2011


Carrego nos olhos,
O corpo fluído do instante,
Nos pés,há fome,a fome de mundos.
Há um sertão em meu peito,
Repleto da sede que habita peles e palavras.
Há um esconderijo de silêncio,
Na caverna fonética dos meus dedos.

Olhando o copo, que em uma tentativa infeliz quis ser morada para um raio de sol, percebera que o objeto envolvido naquela imensidão solitária transbordara seu vazio para dentro da inquietude desnutrida dos seus olhos. Agora, o vazio também habitava seu corpo e o empapuçava com a fome que lhe mastigaria o silêncio.
Não havia ausência, era só vazio...
O copo parecia inconsciente do seu estado de coisa, não parecia incomodar-lhe o vazio que brincava de esconder-se todas as vezes em que a estiagem emprestava-se à seu corpo.Olhara desapontado  ao notar que durante este continuar  numérico nunca,de fato,tivera engolido o tal vazio que transbordara estas inquietudes para fora daquele  copo que ele beijava, ritualisticamente, em tempos de seca.Na efemeridade daquele instante , morto antes mesmo de ter consciência da vida,arranjou por entre as penumbras de um pensamento a flor de um questionamento.Pensara naquele rasgo que talvez ele ,juiz compadecido,ele sim ao longo destas fatias de tempo, jamais fora atravessado  pelo cheiro da vida.Talvez ele,que velava a inconsciência do objeto,  habitava ingenuamente o universo da  inexistência.Talvez, enquanto gastava seus olhos contemplando  a infelicidade do copo,talhava  uma confortável cegueira,decúbito, em seu colchão de certezas.
O copo, compadecido daquela montanha de carne observava, piedoso, aquele resumo de vida, forjado para apenas esquecer.
Esse banzo de fim de festa
Rasgando as nuvens do meu sertão
De saudade suicida.
Chantagista,corta impulsos,
Sangra toda minha fome.
No corpo alvo,calvo de partidas,
Entre partos e idas,cabelos e saudade.






terça-feira, 8 de novembro de 2011

Enfeitada de chuva os gritos desta idade,da cidade inundada de mim
Infinitos pingados,delicadeza em caos sonoro,olhos d'água de Hórus
Saliva celeste na boca do tempo,
tritura cores
Arco cospe íris em mim
Tira os olhos do medo e vem brincar!
Rasga a escola na farda,afoga-se na alegria da lama,sede gênese
Sede, novo ser!