terça-feira, 25 de agosto de 2009

Aos inesquecíveis dias com uma família que desenhava com a luz, nas adolescentes tardes do Liceu.


Revirando alguns papéis com cheiro de tempo,encontrei um texto teu, fui arremessada de imediato em uma sala barulhenta, repleta de aspirantes a fotógrafos...a saudade chegou em silêncio , começou a escrever por mim...fui catando algumas palavras surradas no meu cesto de roupas sujas e segui experimentando uma a uma ,mas nada me cabia como outrora, estava pequeno ou grande demais para a ocasião.Fiquei por horas à procura de alguma que me coubesse como uma luva...estava tudo em preto e branco,com cheiro de tempo e exalando saudade.Uma orgia de sonhos concentrados,leveza,liberdade,caminhos,teorias de cristal e desejos de pedra...éramos nós,eternos carentes!

terça-feira, 18 de agosto de 2009

R$:2,20...DE UM PONTO À OUTRO...


Em meio à imagens que a janela do ônibus emoldura,frame a frame,sigo por outras dimensões narrando,em silêncio,meus desejos.O vidro, embaçado pela sujeira coletiva,deixa impresso nas imagens o borrão das vidas que morrem,por horas, indo e vindo para algum lugar...continuo aqui,silenciosa,murmurando minhas impressões do tempo que,como as fotografias undergrounds das ruas cinzas,vão passando sorrateiramente sem que meus sentidos sequer ousem percebê-las.O motorista -este operário das naves transportadoras de vidas sem cor- dirige o filme,as fotos que vejo...pisou no freio e,por indefinidos segundos ,capturei fragmentos da ausência.Pessoas estáticas,em frias e quadradas calçadas retensoras de vidas monocromáticas...eram corpos,corpos cansados,fatigados,desarmados de luz!Não havia nenhuma partícula sonora delineando a biogênese urbana coletiva,uma luz quente roubava dos corpos o prisma fugaz da existência,e em um monólogo coletivo de sons,o Om (ॐ) urbanóide tomou conta dos riscos de luz abduzidos pelas retinas do meu pensamento...parti,com os borrões produzidos pela velocidade cósmica da vida.