sexta-feira, 8 de junho de 2012

Das gotas,entreabertas,do meu silêncio tinturas um discurso
Idealizas mulher-mistério,caos em dança,
Poesia e silêncio.
Mil ninfas afroditam-se em mim,
Lançando farpas de nobreza,na brancura azeda do teu vaidoso medo.
Enquanto te alimentas dos cacos de espelho,
Banho-me em reflexos nos dentes feéricos do sol,
Sólida,como as mil faces do instante.
No infinito rasgo dos meus olhos,trago a lonjura...
Trago bagas e distância em cálices tintos de mesa...
Meu ventre.
Adentre as incertezas de mim,
Na saliva de mim,
Olhar.
Por vezes perco-me em negritude de cabelos alheios,
na pausa leviana dos dedos acariciando,
sem qualquer compromisso, o elástico tempo da espera...
Ondulo-me fio a fio,
até perder-me em idosos olhos,
pensando a vida na brevidade dos transeuntes...
Sou levada facilmente por lábios cinzentos que,
em diálogos de desespero,
rendem-se aos funestos beijos de um, quase, último cigarro...
Logo,quase que por abdução,a loucura me chama
Enjaulada nos trajes tinturados de fuligem e urina,
que a beleza confusa de um corpo envelhecido
carrega como estandarte.
Tomando todo o oco,
a loucura tece o palco e, sedutora,
rasga o comum dos pés viciados da multidão preto e branco.
Me fascina e flui,
caótica, junto aos pombos...
Meu nomadismo em sensações.
Sigo abortando e sendo abortada,
pelos olhos apressados da multidão.
Percebendo o dia na floresta de fuligem,
cambaleante entre pernas, coxas,
pedaços de vento,
sobras fonéticas,cheiros,sendo sensorial...
Regurgitando poesias.
Carrego em meus esfomeados olhos,
anarquia em um pingente de espiral, e contínua,
amorfo-me
ao corpo-aborto da cidade. 
É tão bonito meu quarto,
Cheio dos movimentos que faço toda,atrasada,manhã
antes que vendam meu dia.
Nietzsche equilibrando-se sobre os conceitos pragmáticos do Aurélio,
subverte a organização da minha pilha de nervos frasais.
Entre uma mitologia e outra, brota das cinzas de um falecido incenso,uma flor...é Drummond!Entrecortando meus olhos,minha carne,meus sentidos,com suas navalhas poéticas.
E desta selva de pedaços meus,desvelam-se as identidades do meu pó(ético) ser.
Das fivelas enfeitadas do meu couro,
decoro cores,lenços,quartzos...teias de sonhos encravada,desde a vida,no meu terceiro olho.
Há Frida nas flores bordadas,borradas no vestido-diário dos meus corpos pueris,
Na argila das minhas mãos cochila,vadio,o infinito em suas formas,existindo na vaga brisa dos meus curiosos dedos.
Em 1/4 de silêncio,avisto a brancura futura de meus dentes,o cheiro que compro,o brilho de meus cabelos e seus desdobramentos,nos ml's de mil frascos.
Ré...penso-me nua de marcas,prazos,cremes,e televisão...
Nu quadrado,
Pendurando minhas escolhas,meus caminhos em repouso,minha roupa de horas...
Nu quadrado,
Contendo,nas veias desarrumadas do lençol,na fundura das madrugadas na cama,
Meu peso do mundo,meus retalhos de segredo,meus soníferos reflexos espelhados na obscuridade infantil de existir.