sexta-feira, 8 de junho de 2012

Por vezes perco-me em negritude de cabelos alheios,
na pausa leviana dos dedos acariciando,
sem qualquer compromisso, o elástico tempo da espera...
Ondulo-me fio a fio,
até perder-me em idosos olhos,
pensando a vida na brevidade dos transeuntes...
Sou levada facilmente por lábios cinzentos que,
em diálogos de desespero,
rendem-se aos funestos beijos de um, quase, último cigarro...
Logo,quase que por abdução,a loucura me chama
Enjaulada nos trajes tinturados de fuligem e urina,
que a beleza confusa de um corpo envelhecido
carrega como estandarte.
Tomando todo o oco,
a loucura tece o palco e, sedutora,
rasga o comum dos pés viciados da multidão preto e branco.
Me fascina e flui,
caótica, junto aos pombos...
Meu nomadismo em sensações.
Sigo abortando e sendo abortada,
pelos olhos apressados da multidão.
Percebendo o dia na floresta de fuligem,
cambaleante entre pernas, coxas,
pedaços de vento,
sobras fonéticas,cheiros,sendo sensorial...
Regurgitando poesias.
Carrego em meus esfomeados olhos,
anarquia em um pingente de espiral, e contínua,
amorfo-me
ao corpo-aborto da cidade. 

Um comentário:

  1. Fotogramas urbanos bem trilhados com Nil; um prazer viajar no caos da city com você, sua poesia, seu olhar sensível que consegue extrair beleza do caos! Nesses estilhaços, eu quero trilhar!

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