sábado, 6 de outubro de 2012

Avarentos olhos, de onde quisera uma só lágrima dependurar-se ,
na seca funda deste vaidoso ser.
Forjado nos porões da Lua, 
inda cheirando ao Verbo, 
invaginavam-se ao ralo corpo serenas navalhas de madrugada.
O silêncio lhe modelava os membros, e
inconscientes caminhos talhados na fuga perpétua, por entre as pontas dos calos,
cálidos, meninos...
Haviam anos costurados, misteriosamente,
às suas moças rugas.
Havia beleza na fome que o animalizara, sem deixar migalhas ou rastros.
Eram secas as suas manhãs,
sem dourado Sol, 
cinzas... elípticas paisagens.
Só lhe restara o resumo.
E de tantas abreviações
bastou-se, só.

Niejila Brito

sábado, 21 de julho de 2012

Espelho de lithium, saliva-me!
Sedenta boca neurótica.
Na virtual ótica
 de um sistema milenar,
nosso secreto caminho de volta para o lar.
Concreto carbônico 
na garganta de putas velhas
Invaginam-se por suas entranhas

tudo o que sopras ao mar
Blues com poeira e sangue!
Arrotas, novas rotas!
Urinas, no porão do meu mar!
Colônia exalando por todos os portos,
arrancando-me os seios e a língua,
torna-se pátria uma íngua perpétua,

em meu genético caminhar.
Um sol de pedras tolas,reluzentes,rabiscam
verdades dementes
Num reflexo gutural,

entre tacapes e usinas,
cédulas,fumaça e neblina

É tudo o que se ouve de lá!
Sem ereção,

nem Pasárgadas,
gozam sobre seus reflexos.
Tem orgasmos,
sob prescrição médica.
É tudo perfeito na ferrugem do meu lar!
Sereias com rabo de imã,

regurgitam marcas, 
pesos, 
medidas...
em toda máquina celeste
de uma mesa hospitalar.
Deus das maçãs,

das vulvas...
Dai-me espelhos,
e o calor imaginário de um olhar!
Eis-me aqui!
Eis-me, aqui!
Eis-me!
Ex-mim!

sexta-feira, 8 de junho de 2012

Das gotas,entreabertas,do meu silêncio tinturas um discurso
Idealizas mulher-mistério,caos em dança,
Poesia e silêncio.
Mil ninfas afroditam-se em mim,
Lançando farpas de nobreza,na brancura azeda do teu vaidoso medo.
Enquanto te alimentas dos cacos de espelho,
Banho-me em reflexos nos dentes feéricos do sol,
Sólida,como as mil faces do instante.
No infinito rasgo dos meus olhos,trago a lonjura...
Trago bagas e distância em cálices tintos de mesa...
Meu ventre.
Adentre as incertezas de mim,
Na saliva de mim,
Olhar.
Por vezes perco-me em negritude de cabelos alheios,
na pausa leviana dos dedos acariciando,
sem qualquer compromisso, o elástico tempo da espera...
Ondulo-me fio a fio,
até perder-me em idosos olhos,
pensando a vida na brevidade dos transeuntes...
Sou levada facilmente por lábios cinzentos que,
em diálogos de desespero,
rendem-se aos funestos beijos de um, quase, último cigarro...
Logo,quase que por abdução,a loucura me chama
Enjaulada nos trajes tinturados de fuligem e urina,
que a beleza confusa de um corpo envelhecido
carrega como estandarte.
Tomando todo o oco,
a loucura tece o palco e, sedutora,
rasga o comum dos pés viciados da multidão preto e branco.
Me fascina e flui,
caótica, junto aos pombos...
Meu nomadismo em sensações.
Sigo abortando e sendo abortada,
pelos olhos apressados da multidão.
Percebendo o dia na floresta de fuligem,
cambaleante entre pernas, coxas,
pedaços de vento,
sobras fonéticas,cheiros,sendo sensorial...
Regurgitando poesias.
Carrego em meus esfomeados olhos,
anarquia em um pingente de espiral, e contínua,
amorfo-me
ao corpo-aborto da cidade. 
É tão bonito meu quarto,
Cheio dos movimentos que faço toda,atrasada,manhã
antes que vendam meu dia.
Nietzsche equilibrando-se sobre os conceitos pragmáticos do Aurélio,
subverte a organização da minha pilha de nervos frasais.
Entre uma mitologia e outra, brota das cinzas de um falecido incenso,uma flor...é Drummond!Entrecortando meus olhos,minha carne,meus sentidos,com suas navalhas poéticas.
E desta selva de pedaços meus,desvelam-se as identidades do meu pó(ético) ser.
Das fivelas enfeitadas do meu couro,
decoro cores,lenços,quartzos...teias de sonhos encravada,desde a vida,no meu terceiro olho.
Há Frida nas flores bordadas,borradas no vestido-diário dos meus corpos pueris,
Na argila das minhas mãos cochila,vadio,o infinito em suas formas,existindo na vaga brisa dos meus curiosos dedos.
Em 1/4 de silêncio,avisto a brancura futura de meus dentes,o cheiro que compro,o brilho de meus cabelos e seus desdobramentos,nos ml's de mil frascos.
Ré...penso-me nua de marcas,prazos,cremes,e televisão...
Nu quadrado,
Pendurando minhas escolhas,meus caminhos em repouso,minha roupa de horas...
Nu quadrado,
Contendo,nas veias desarrumadas do lençol,na fundura das madrugadas na cama,
Meu peso do mundo,meus retalhos de segredo,meus soníferos reflexos espelhados na obscuridade infantil de existir.

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Me descubro esquizofrênica,a cada afeto que dou vida, vivo camadas de sub realidade.Surreal esta minha expressão de um impressionismo meio barroco,quase dadaísta...
Nestes bulbos ,fixos pelo magma da minha invisibilidade,recorro à Mnemósine que em seu útero helicoidal,gera minha loucura por contrários.
No templo de meus tempos meninos,lanço-me ao colo sonoro de Orfeu...em cantos,encanto-me.
Arranco o barbante da pipa e estendo-o sobre uma fenda qualquer do infinito,que desvela-se em raios de sol.O girassol no carrossel,abraços de brisa...
Oro por horas ao tempo-rei,que escondo na barriga sob os cuidados de borboletas pluricoloridas.
Quis banhar-me nas volúpias águas,onde habita o húmus,útero primordial das palavras-meninas, inda mal formadas.
Banhada desta vadia vontade,nua das culpas,das certezas,das verdades...sigo fluída pelo rio das vontades...grávida de esquecimentos.

Tu,
que mal conhecestes a entrega,
juras infinito para dentro de mim.
Eu,
espectro de luz,silêncio e caos,
sou ideia,sub real.
Inda hoje,
te penso como breve delírio.
Parte da minha meninice esquizofrênica
que traz Amor nos olhos e respira por todos os poros inventos,de ventos,raios e trovões.
Te lembro,efêmero...
como solto pensamento de fim de tarde,quando tudo o que se tem é o contemplar,com lambidas de salitre, no horizonte da língua do mar.
Essa vaga ideia,
turva lembrança.
Isso que nem mesmo o nome faz-se claro...
Este,isto,aquele,aquilo que sequer lembro para dissecar.
Eu...
vezes Frida,
vezes Jodorowsky.
Odisseu em cansaço,
lapido caminhos sob o sorriso nos olhos.
Serdes raso,conhecendo calabouços,como a infância dos quintais?!
Encubro-me em cobre.
Regurgitando contrários desconstruo auroras.
Lanço-me aos lobos,ao ópio,às ilhas...
Nu permaneço,cobrindo-me em superfície de banalidades.
Transmutar,é verbo meu suspiro,sedento da leveza de um afago...
Só...para pousar!



Preciso dormir a eternidade de um tempo jaz...
Descansar em calmarias que tragam-me o naufrágio das horas.
Derivando no intenso,devoro um leve sopro sonoro para a bonequice do meu penar.
Em uma estante de corpos guardo-te,em sono profundo,para que o peso monocromático das lembranças amorteça-me enquanto sonhar.

sábado, 7 de abril de 2012

Tu, que habitas um templo ladeiral de sensações,caminha medroso por dois pólos,ou três...resta à dúvida ter certezas.
Ofereço-lhe mil poros,abismos de curiosos ensejos,
Você andarilho bipolar,presumo,queira habitar os mistérios incertos do meu jeito.
Posso garantir-lhe,que de nada garanto...
Regarei-lhe de casos-acasos,no caos perpétuo da minha volátil idade.
Oração...ora ação!

Arcanjo protetor dos meus beijos,
Zelai, por tempos,meu corpo-desejo
No silêncio celestial do teu olhar.
Língua lambe
Lambelínguadança
Na lambança,língualambelança
Lança lambidas,desejos
De línguas e beijos...

Beijos dançando no céu dos teus pelos,
Língua na gruta tua,sepulcro invadido.
Tua língua-lança, lança lambidas e desejos...

Mordidas dançando no silêncio dos teus beijos...animalança
Animas a dança,entre mordidas, lambanças,animadanças
Lambedança, lambanças entre sussurros
Por entre uivos ,coxas,língua-lança
No entra e sai dos teus beijos.



Transcrevo ausências,incautos devaneios...
Meus dentes de prata cibernética sorriem de virtuais verdades
Meu “eu” binário de códigos emergentes, urgentes, dissolve-me segundo a segundo.
De cor, decoro quintais…
Deito-me, por entre os braços vadios das perguntas que nada devem quando se trocam me tocando por gotas.
Palavrourando peço adeus, a deuses e crenças...
Quero, ah deus, o ácido beijo da descrença.
Derramamento onírico, incontinência, urina ária.