sexta-feira, 26 de novembro de 2010

carlossimo.arteblog.com.br


Despejei quilos de palavras ocas em litros rasos de papel,
Exilei verbos, substantivos, advérbios e pronomes, rejeitando numerais que, por si só, são frios como a ausência de vida...
Nessa minha vida de coveiro  fonético morfossintático,  sepultei  corpos e mais corpos de palavras , mortas, vazias de  luz e sentido...a  velhice das palavras.
Construí no deserto inconsciente do meu corpo, um cemitério sonoro...
Recolhi nas dunas do vento centenas de letras corroídas pelo esquecimento, pedaços de palavras decompostas, putrefação sonora das sílabas
Percorri  universos literários , vi   frases  dominarem  multidões  de  palavras famigeradas  à prostituir-se por  segundos de reflexão...
Em vielas sem cor, vi numerais sugarem a poesia dourada de versos andarilhos... instaurou-se, desde então ,a anorexia da imaginação.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

http://espacogregoriano.blogspot.com/
Entre ações e reações, gritei silêncio por todos os lados.
No caos da minha inércia, o silêncio que saía da tua boca corroeu, suavemente, minha imunidade distraída.Uma integridade concebida sob a luz das minhas dúvidas.
Sustentando-me nas membranas da aparência , temi que tua boca  me roubasse o pouco de dignidade que havia em meus poros, adestrados para não querer-te mais.
Meus olhos fugiam, inutilmente, diluindo-se  nos movimentos alheios, misturando-se ao tempo das lembranças, entre lambe-danças e desejos.
Minha falsa fuga de você...
Um labirinto de espelhos cuspia verdades por todo meu disfarce, e antes que a luz perfurasse a noite, o silêncio resumiu nossos olhos e calou-me com ausências.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

                                 ESPINHA     DORSAL


                                                            ESPINHA       DOR     SAL 


                                                             ESPIA         DOR        CAOS


                                                                                                DECOMPOR        DOR     E   SAL

                                                                                                  COM     PÓ   DO  CAOS 


ECOS...   ESPINHA   DOR   CAOS 


RECOMPOR  

            DOR 
  
                       SAL 
      
OCULAR

OCO LAR

UM OLHO CALADO CONTEMPLA SILÊNCIOS,

ENGOLE MUNDOS, REVIRA TEMPOS...

OLHO-SILÊNCIO VAGANDO POR CURVAS, MOVIMENTOS ...

MOVE VENTOS E DESEJOS.

ENTRE PELES,

INTERPELE-SE ENTRE NÓS...

NÚ OLHO-SILÊNCIO...

SILÊNCIO DE NÓS

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Desta inundação de aço e chumbo que ameaça meu corpo, mantenho meus olhos à salvo,ainda que os pingos ácidos corroam meus papéis e devorem minha escrita ...
Desta palidez aparente que tinge meus poros, engulo olhos rasos,calvos de luz e poesia...Trago-os com minha fome infindável,inflamável,que consome tamanhos, limites,consome números.Consome, mesmo sem tanta fome, os pontos do fim...
Minha fome sorrateira distraiu a palavra que dá luz à finitude e, com a ironia da beleza , devorou-lhe a metade.Minha fome de continuidades não permite o fim...

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Lagartas desapropriam-se da minha boca,minha caverna fonética de silêncios.
Rastejam-se pelo limbo ácido deste corpo flamejante, de verdades desnutridas...
Alimentam-se das camadas de fuligem e enxofre que desprenderam-se do meu corpo metamórfico, indicando um contínuo fim da minha morte...
Ruídos incendeiam espaços, e minhas palavras famintas aprendem a voar.
Norteadas pelo cheiro da tua poesia mil palavras nuas,coloridas, voam para dentro dos olhos da liberdade...
Palavras...pedaços do meu dourado infinito.
Eu vi as bocas que saiam das nuvens...gritavam a brisa, na sonoridade infinita de um horizonte líquido.
Os corpos de sal, cobertos pela poesia que a gravidade não envolve, brincavam de esconder-se do tempo e mergulhavam na luz.
Meus olhos afogaram-se no ritual das ondas e o silêncio do mar era só o que me bastava.

sábado, 3 de julho de 2010

link da imagem: http://dryicons.com/free-graphics/preview/blooming-in-the-rain/


A chuva cantando suas gotas douradas de luz,fez meus olhos de criança gargalharem a alegria do tempo...
Em silêncio conversei com gotas multicoloridas, que choviam dentro e fora de mim...
Bebi as imagens emolduradas pelo aço, que o vidro despiu...e meus olhos novamente sorriram ao saborear o gosto cheiroso das roupas que já não me cabem mais...
A chuva continuava a desenhar minhas lembranças,na altura das árvores, nos mundos do barro,no corpo do vento e nos pedaços de tempo que minha boca pensou...
A chuva cantava sem parar minha nostalgia com cheiro de algodão-doce e gosto de arco-íris,mas mesmo eu que já não tenho o tamanho da chuva, continuo seguindo as borboletas.

terça-feira, 8 de junho de 2010

"Summertime”...diz ela!
Eu apenas calo-me, com os olhos calejados, consumindo a inércia do silêncio... mas meus medos doem, e Ele nem sabe que eu existo neste agora que se esvai...
Não avisaram-me das angústias de ser mortal, mas Ele sequer desconfia que perfurou meu silêncio...eu estava só, confortavelmente só...agora estou sangrando as incertezas que rasgaram antes de mim. Mas quem cuidará de mim, agora que minhas vestes quebraram-se na claridade que me iguala?!
Tenho medos...Ele sequer preocupa-se com isso, afinal seus cabelos crescidos precisam de aparo... e Janis me afaga, sussurrando de dentro da sua estrela:
“One of these mornings -Em uma destas manhãs
You're gonna rise, -Você estará crescendo,
rise up singing, -cantando animado
You're gonna spread your wings, -Você estará alargando as suas asas,
Child, and take, take to the sky,-Criança, e alcançar, alcançar o céu,
Lord, the sky.” -Senhor, o céu.

E meus olhos engolem o mar, para os dias de cinzas, em que a luz esquece-se de mim.
Sou beijada pelo movimento suave das ondas, que a ousadia do vento sacode pelo ar...
O silêncio horizontal invade meus olhos, mas meu corpo limitado é impedido de prosseguir...
As estrelas derramam luz pelo caminho, e gotas multicoloridas de silêncio me invadem... é madrugada e as horas dormem,amanhã começa um novo sol e os pés descansam tudo o que foi caminhado...
Meus pensamentos não enxergam nem o dia, nem à noite, são livres... desenham formas, rabiscam mundos que meus dedos não conseguem calar...e os meus olhos exaustos , descansam sobre as plumas invisíveis das palavras.

domingo, 16 de maio de 2010

Deito-me com palavras-navalha que sussurram minha cegueira nua como as verdades amassadas que despejo ao chão...
Meus olhos cegos, engolem as incertezas da minha escuridão mental e tropeçam nos meus erros, para lembrar-me o que me fez apagar a luz...
Em cenários inventivos, sou o que a paixão me pede, fugacidade e vazio.Sou o animal que por vezes esqueço...
Desperto, ensopada de cores frias, carregando meus resumos inacabados ,minhas montanhas incompletas, meu desejo de continuidade...
Devoro fagulhas do tempo, mas ainda não tenho a sagacidade da fome...
Meus gritos de garganta seca, saboreiam os segundos que dissolveram-se em mim.
Degusto relógios esquecidos, e engasgo-me com tudo que deixei pra trás...
A dor da inércia movimenta-se por todo meu corpo dolorido, calado... meu corpo esquecido ,diluído nas faces da rotina.

quinta-feira, 13 de maio de 2010


Alfred Opitz



Hoje há poesia gotejando por entre as brechas dos meus olhos,molhando de luz tudo o que vejo.
Neste instante,de suicídios contínuos,há poesia escorrendo pelos meus dedos, que percorrem perdidos um infinito de fibras sem cor.
Há pessoas caminhando sobre emaranhados poéticos, que a poeira grosseira do betume esconde.As veias urbanas da cidade sem olhos,submersas em barulho e ferro, cospem sua acidez poética em meu corpo oxidado.
Respiro expirações de "alguéns",ininterruptamente,repito repetições,mas sigo... costurando trechos verbais em meus monólogos in mundos.
Compro em esquinas ocultas cabeças usadas, e às combino com o que visto ou vestirei.
Corpos derramam para dentro dos meus olhos vidas,atravessam minha dança fonética e lanço-me ao mar suspenso sobre o silêncio horizontal do verbo.Assim, risco nos olhos alheios minha existência abreviada pela sonoridade do tempo.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010


Caminho com tristezas para não sentir-me só...as ausências solidificam minha culpa.
Assisto, através das grades do meu pensamento, a fome caminhar disfarçada na rotina dos passageiros,que permanecem aqui.Agora,ela também é paisagem,caminho também por outros olhos,mas não consigo enxergar como eles.Como a fome,e também disfarço-me de ninguém.